quinta-feira, setembro 22, 2011

Dizer SIM e dizer NÃO

Adaptado de STEVEN PRESSFIELD


"Uma amiga me disse uma coisa há alguns anos e, quanto mais eu penso sobre isso, mais profundo me parece.

Vamos chamá-la de Ana. Ela é uma mulher casada e feliz no casamento, com dois filhos já crescidos, e uma vida boa e saudável. Ela me contou que na noite anterior à cerimônia do casamento: "a noite antes do meu casamento com Marcos foi a pior noite da minha vida. Eu não consegui dormir e me virava e retorcia na cama, e não parava de chorar. Estava aos prantos. Porque eu percebi que agora eu nunca ia me casar com o Paul Newman ou o Steve McQueen (pra nós os equivalentes seriam Brad Pitt e George Glooney). Sei que parece ridículo, mas o sentimento era incrivelmente triste. Mas a questão é que, depois que vc entra por uma porta - no meu caso, a porta do casamento com Marcos - esse ato simultaneamente fecha as outras portas relacionadas. Quando vc diz sim a um tipo de vida, vc diz não a todas as outras. Quando entrei pela porta com Marcos, casando com ele, pra mim aquilo quis dizer que não entraria por aquela porta com nenhum outro homem, nunca mais".

Essa verdade é tão óbvia que muitas vezes não enxergamos. Eu sei pq, quando a Ana me contou isso, me pegou totalmente desprevenido. Eu nunca tinha pensado a respeito.

"Claro q entrar por aquela porta com Marcos construiu toda minha vida. Me deu o marido q eu amo, os filhos q eu adoro; criou a totalidade do mundo que minha família compartilha hj e sempre compartilhará".

O que me interessou nessa dinâmica é que, antes de dizermos sim e atravessarmos determinada porta, todas as outras portas estão ali, na nossa frente, como sonhos. Quando escolhemos uma e atravessamos, o q está do outro lado se torna realidade. Para chegar na realidade A, temos que deixar pra trás as realidades de B a Z. E isso é difícil. Precisa de coragem. Mas se não fazemos, ficamos de frente pra todas as portas, sonhos de A a Z, e não temos nada real.

A indústria do cinema tb é assim. Nos antigos dias do sistema de estúdios, as chamadas "pessoas criativas" (atores, diretores, roteiristas etc.), tinham contratos com vários estúdios (era isso, ou estavam desempregadas). Elas faziam o que os estúdios diziam que elas tinham de fazer. Eram direcionadas para filmes específicos. Não havia discussão. Quando os estúdios começaram a enfrentar problemas financeiros, a indústria do cinema começou a mudar. Da noite para o dia todos eram seus próprios agentes e eram livres pra escolher o que quisessem.

O q isso significou, em termos práticos, foi q, a partir dali, cada um tinha que achar trabalho para si, sozinho. Cada ator, diretor, ou roteirista tinha de ir batendo de porta em porta e escolher uma porta para entrar, aquele projeto que os faria dizer sim. E o q eles faziam - e ainda fazem - é deixar todas as opções em aberto até o último minuto. Eles dizem não, não, não, não. Cada indivíduo fica na frente dessas portas de sonhos, esperando que uma porta mágica apareça pela frente e os faça entrar. Pra mim, isso é o verdadeiro inferno! Já estive lá. E vc? É uma paralisia, uma estagnação.

Para deixar nossas opções abertas, nos exilamos nesse purgatório psicológico.

Num programa de tv sobre o produtor de cinema Jerry Weintraub tem uma parte em que se mostram entrevistas com George Clooney e Brad Pitt, nas quais eles contam como Jerry fez com que cada um deles entrasse num projeto de um filme, jurando pra eles que o outro já havia aceitado. Um truque antigo na terra dos sonhos (Hollywood). Funcionou porque fez com que cada um dos atores ficasse com medo de perder o barco se não aceitasse na hora. Artistas hoje em dia vivem como os donos de estúdios de antigamente: todos têm um monte de projeto "em andamento". Cada projeto é uma porta.

Para qual porta dizer sim? Nós ficamos indecisos e acabamos deixando pra depois a decisão, morrendo de medo do momento em que teremos que efetivamente tomar uma decisão e dizer SIM. E ao mesmo tempo dizer NÃO a todas as outras portas, que talvez virassem portas mágicas se esperássemos mais um pouquinhos. Fazemos isso com nossos relacionamentos e empregos e candidatos ao governo. Eu tenho uma teoria de que as pessoas que são bem sucedidas na vida - em seus relacionamentos, bem como em seu trabalho - são aquelas que, por suas próprias razões, conseguem dizer SIM mais facilmente e atravessar a porta escolhida. Às vezes parece que é mais fácil ser bobo do q inteligente, se ser inteligente significa imaginar tantos futuros possíveis q isso acaba paralisando a pessoa para agir agora.

Quase todos os momentos da minha vida em que eu parei e hesitei, são motivos de arrependimento. Qual a conexão? Dizer não, embora absolutamente necessário em momentos nos quais nosso tempo ou integridade estejam sendo invadidos, não é sempre uma boa idéia quando se relaciona com as oportunidades q se colocam diante de nós.

Algumas vezes, o SIM é a resposta mais correta. E isso nos traz de volta à nossa velha inimiga: a resistência.
A resistência adora nos fazer hesitar. A resistência se alimenta diabolicamente de nosso pensar demais e da nossa procrastinação. Como disse minha amiga Ana: atravessar a porta construiu toda a vida que ela tem hoje. É sempre interessante ler essas histórias de atores que recusaram papéis que tornaram outros super estrelas. O ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, que era ator, diz a lenda, recusou o papel de Rick no hoje clássico filme Casablanca, papel que foi de Humphrey Bogarte e o levou ao estrelado. Sigourney Weaver e Angelica Huston recusaram o papel de Susan Sarandon em Thelma & Louise. Algumas vezes, o simples ato de dizer sim produz, de maneira misteriosa, as condições para o sucesso.  "L’audace, l’audace, toujours l’audace!” disse Napoleão (A audácia, a audácia, todos os dias a audácia!).

Algumas vezes a resposta é, simplesmente, SIM".

Beijos da Taís.

Comentários
2 Comentários

2 comentários :

  1. Muito bom esse post!
    Eu fico sempre adiando o "sim" =S
    Beijoss

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  2. Dizer sim às vezes é tão dificil...
    Belo post!!

    tenha um ótimo dia...bjos

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