sexta-feira, abril 29, 2011

Racional x emocional


Acho que um dos maiores problemas femininos é não saber usar o lado emocional a favor. Mulheres são seres emocionais, mas isso não nos faz desprovidas de razão. O problema é que muitas vezes esquecemos disso, e acabamos assoberbadas pelos sentimentos, o que se torna um fardo, e não o dom que verdadeiramente é ser uma criatura que se guia pelas emoções.

Eu amo ser mulher. Não gostaria de ser homem. Acho que os homens perdem, e muito, por não aceitarem seus próprios sentimentos e buscarem SEMPRE uma explicação racional para tudo (claro que há exceções).

Mas as mulheres muitas vezes derrapam no uso das emoções. Óbvio que racionalizar todas as emoções não é possível, e nem recomendável. Só que, muitas vezes, é muito saudável fazer uso da razão pra ver que certos sentimentos são exagerados e não correspondem à realidade.

É importante perceber que algumas emoções são substancialmente irracionais, como o ciúme, por exemplo. Na maioria das vezes, ele parte de qualquer coisa que parece uma ameaça, mas que, em geral, é só "coisa da nossa cabeça".

Estou lendo um livro muito interessante, sobre um homem que passou um ano inteiro sozinho nos confins do Chile, numa ilha remota, para tentar entender os efeitos da solidão numa pessoa. Acho que ele concluiu o mesmo que o poeta Vinícius de Morais, que dizia que é "impossível ser feliz sozinho". Estou gostando muito da leitura e me identificando com o autor, que narra muito dos pensamentos e reflexões que fez na forma de um diário. Muitos dos questionamentos que ele faz a si próprio, eu também faço corriqueiramente. É extraordinário que duas pessoas tão diferentes, como eu e esse autor, possam compartilhar das mesmas dúvidas e aflições, mas é assim que é, e acho realmente mágico. Porque eu não acredito nessa separação rasa entre homens e mulheres. Para mim, somos todos, tanto na superfície quanto profundamente, humanos, e devemos nos ver como iguais. A diferença é ótima, é bem-vinda, mas não deve servir para nos separar como pessoas.

O livro se chama Solidão - Buscando a sabedoria em lugares extremos, escrito por Robert Kull. Ainda não terminei de ler, mas separei um trecho que achei interessante:

"Minha orientação (tanto quanto eu consigo) é de ser um empiricista radical, que deseja experimentar e valorar qualquer mundana ou incomum experiência física, emocional, psicológica, e espiritual que eu possa ter. Viver na natureza selvagem, em solidão, é uma situação incomum que gera experiência incomuns, mas eu acredito que mesmo as experiências mais raras devem ser aceitas como parte de nosso potencial humano. Nós somos a soma de todas as observações que fazemos. Quando nos recusamos a incorporar certos aspectos de nossa experiência vivida simplesmente porque não conseguimos tirar conclusões racionais deles, nós empobrecemos nossas vidas. Auto-conhecimento é vital para nossa compreensão do mundo e de nosso lugar nele. A questão importante não é quais aspectos da experiência devem ser aceitos como válidos, mas sim quais são os melhores métodos e perspectivas para explorar e compreender cada experiência.

Para investigar a solidão, meu método é observação profunda com camadas de introspecção análitica, enquanto registro minhas observações e ruminações em um diário. Explorar e escrever sobre uma experiência tão intensamente pessoal é algo vulnerável a críticas. Pode parecer altamente subjetivo e auto-centrado. No entanto, como apontam o filósofo Michael Polanyi e o psicólogo Abraham Maslow, dentre outros, todo conhecimento é fundamentalmente conhecimento pessoal. A experiência subjetiva pode ser transformada em conhecimento público válido quando a perspectiva e metódo de alguém são explicados, permitindo a outras pessoas compreender e examinar aquilo".
Quando eu li a primeira vez essa parte, achei que ele diz uma grande verdade: nem tudo é explicável. Mas nem por isso deve ser descartado. É uma questão de pesar razão e emoção e entender o papel dessas duas coisas nas nossas vidas.

Acho muito importante analisar minhas emoções. Tentar entender porque reajo de certa maneira a algumas situações, analisar que tipo de atitude não deu certo anteriormente, o que eu posso fazer pra mudar meu comportamento (por mais difícil que isso seja), para evitar situações repetitivas e que me deixam infeliz.


Nesse final de semana me peguei repetindo uma frase que eu já falei muitas vezes antes. Uma frase que eu uso como defesa quando alguém me magoa, mas que não quer dizer nada e não dá resultado nenhum. Acho que seria melhor eu dizer "vai à m..." em vez de agir de uma forma que parece muito ingênua quando eu penso nela de maneira racional.

Como disse Robert Kull, auto-conhecimento é vital. Foi legal ter percebido o padrão de comportamento na mesma hora em que eu disse a tal frase (não é nada demais, garanto). Por mais que na hora eu não tenha conseguido ter uma atitude diferente, ter percebido isso já me mostra que estou me conhecendo mais. E esse se conhecer mais é o que vai permitir a mudança.

Se você não entende e não percebe comportamentos negativos e repetitivos que tem, vai continuar agindo da mesma forma e, invariavelmente, obtendo os mesmos resultados.

Como você faz para mudar? Provavelmente o que eu estou fazendo: pára, pensa, observa, sente, analisa, conclui.


Eu e a mana estamos batendo na tecla da felicidade porque isso é, sem sombra de dúvida, o mais importante. E muitas vezes nós afastamos os bons momentos e a alegria nos apegando a comportamentos nada saudáveis, porque não queremos dar o braço a torcer.

Mas é como eu pensei ontem: não é para os outros que eu tenho que dar o braço a torcer, mas sim a mim mesma.

Beijos da Taís.
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