quarta-feira, julho 20, 2011

Viva o momento NO momento


É incrível como pensamentos e memórias ficam com gente, mesmo depois de bastante tempo. Mais incrível que as memórias ficarem com a gente (afinal, são momentos que vivemos), é certos pensamentos não esmorecerem.

Isso acontece com você? De repente você se pega pensando em algo que já pensou antes, do nada? Uma coisa repetitiva? Pode ser um pensamento sobre qualquer coisa, como "preciso pintar minha parede de azul", só que você nunca pinta a parede? Ou então "quero ser como essa pessoa", só que, óbvio, nem nascendo de novo você vai ser outra pessoa.

Ontem à noite eu me peguei pensando em algo que aconteceu há uns anos, mais de 5 anos, com certeza. É uma lembrança que eu tenho de um verão na Praia do Rosa, em Santa Catarina.

Foi a primeira viagem que eu fiz com o namorado que eu tinha na época. Eu era totalmente maluca por ele, mas a verdade é que a gente passava boa parte do tempo brigando, apesar de muito apaixonados.

Um dia nós estávamos na beira da praia, final do dia, pôr-do-sol chegando. Aquele tipo de cena de filme. Não sei se todo mundo conhece a Praia do Rosa, mas é um lugar muito bonito. A praia tinha uma quantidade razoável de pessoas, mas não estava muito cheio. A temperatura estava ótima, o dia estava lindo.

No mar, alguns banhistas e surfistas. Mas a maioria das pessoas estava sentada na areia, para apreciar o pôr-do-sol. Eu também estava lá, o namorado abraçado em mim, os dois olhando o horizonte. Como eu disse: cena de filme. Podia ser um romance com final feliz.

Bastou eu olhar para o lado para o meu filme acabar. Para quem é um pouco mais antigo (mas não muito) a imagem é de uma agulha correndo em cima do disco. Arranhou minha música.

O que eu vi?

Vou fazer um suspense mas, deixa eu explicar, foi algo muito banal. Mas que me tirou de dentro do momento e ficou comigo todos esses anos. Eu falo em ANOS. Não foi só na hora, não foi só umas semanas... está comigo até agora, enquanto eu escrevo.

Logo mais adiante de onde estávamos sentados, vi duas meninas, acho que deviam ter a mesma idade que eu. Eram amigas, ou irmãs. Eram muito bonitas, uma em especial. Ela tinha dreadlock nos cabelos e era atlética, bronzeada. Parecia muito feliz.

Eu e a mana somos descendentes de italianos e muito branquelas. Não somos atléticas, como vocês que acompanham o blog sabem. Só que na época eu era bem magra. Não esquelética, mas era magra, podia vestir o que quisesse. E o namorado em questão era lindo, e apaixonado por mim. Claro, ele tinha defeitos, mas a gente se dava bem no geral.

Só que eu vi aquela menina sentada, tão bonita, com uma expressão tão confiante, que eu saí do meu momento e fiquei lá, presa na imagem dela. Porque eu quis ser aquela pessoa. Eu quis a felicidade dela pra mim, eu quis a confiança dela pra mim, eu quis a grama dela porque pareceu mais verde que a minha. Percebem? Eu perdi de aproveitar aquele momento com o namorado, num lugar lindo, pra ficar desejando a vida de outra pessoa pra mim. Uma vida que eu não tinha (e nem tenho) ideia de como era, se era mesmo melhor que a minha.

Quem garante que ela não me viu com meu namorado e não sentiu a mesma coisa? Ou que outra pessoa, também sentada naquela areia fofa e morna, não tenha olhado e pensado: queria ser assim bonita e estar nessa praia com meu namorado?

E eu fiquei muito tempo com a imagem daquela menina, que eu não sei quem é, nem de onde era, nem onde foi parar. Fiquei anos querendo ser aquela pessoa, porque ela era uma possibilidade de algo diferente. E não me dei conta de que não estava aproveitando o que acontecia na minha vida enquanto eu ficava devaneando em ser essa outra pessoa.

Aquele momento lá, ele não volta mais. Se eu tivesse ficado dentro dele, se tivesse vivido ele, com certeza teria uma ótima lembrança, mas não tenho. Não sei se conversei com meu namorado, não sei se ele me disse algo bonito, não sei se me senti bem... porque eu não vivi o momento, eu deixei passar. E finalmente percebo isso, depois de todo esse tempo, depois de tantas coisas que aconteceram na minha vida.


Por isso, ontem caiu a ficha e resolvi viver o momento, dar real atenção às pessoas quando elas estão comigo, ouvi-las, tentar entendê-las. A vida é muito curta pra gente deixar de viver nossas próprias cenas de filme.

Aguardem as cenas dos próximos capítulos. =)
Beijos da Taís.
Comentários
4 Comentários

4 comentários :

  1. Amore, olha eu de novo. rs

    Nós fazemos o nosso momento... nunca mais deixe o tempo passar, podemos admirar uma pessoa, mas ser o que ela é isso é impossivel.
    Seja sempre você. Pra mim você é encantadora, mesmo sem te conhecer fisicamente.

    Promete não deixar o tempo passar?

    Mil beijos!!!

    Fique com Deus

    Flávia

    ResponderExcluir
  2. Flávia, obrigada pelas palavras!
    Um beijo,
    Taís.

    ResponderExcluir
  3. Nossa eu me acho muito parecida com vocês, não que isso seja uma coisa boa, pq sou procrastinadora e muito insegura também... adoro ler os seus textos e saber que não sou a única e por isso fico feliz quando vocês cumprem seus obejtivos porque aí penso que também conseguiria cumprir os meus!!
    Mas tô péssima ultimamente :(

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mari, claro q vc pode cumprir seus objetivos! Começa devagar q nem a gente! Aos pouquinhos vc vai ver q as coisas melhoram! Beijos da Taís.

      Excluir

Adoramos saber o que você pensa! Compartilha com a gente!